Fecham-se os olhos
Ao tombar o grito da pobreza
No beco da alma
Ressoam esmolas
Nas mãos ressequidas
Desta pequenez que nos gerou
Rompe-se o destino
Em farrapos incertos
E o mundo avança
Num correr sem medida
Contra o tempo
Que de ti se alimenta
Fecham-se portas e janelas
A noite pica as estrelas
Escondidas no medo
Que disseca o corpo
Caído nos escombros da vida
E tudo se esvazia
Até a côdea seca
Já nada resta
A não ser
Uma mão estendida numa noite de Natal.