Na penumbra do tempo
Alma de garça
Desenhando no espaço
As letras soltas
De uma canção
Que embalou o sonho
Poeta
Lava incandescente
Borda o teu pensamento
E o sal?
Ai o sal!
Vertigem que rodeia o teu olhar
Espasmo do sentir
Rolando num rosto
Refletido nas águas
De um oceano de palavras
Poeta voz aquém deste infinito
Tempo sem idade
Hora sem espartilho
Liberdade explodindo
Na espuma de um dedilhar
Quase febril
Levando a alma ao limiar
De um êxtase quase divino
E soltam-se
E soltam-se
Como bagos de uma vinha
Embebedam
Seduzem
Perfumam o amanhecer da vida
Antevendo o grito
De quem acredita
Na candura das palavras
Poeta
Serás sempre o basalto
Que sustenta este doce pilar
De no colo deixares tombar
Mil sentires
Dando corpo á luz
E alma á verdade
Poeta,da solidão incontida
De vozes vergadas
De lágrimas paridas
Nas esquinas da vida
Onde adormecem os silêncios
Que acordam as consciências.
Poeta um deus ungiu-te
Com óleo de jasmim
Deixando no teu rosto
O rasto de um fado
Cantado pela alma de uma estrela
Vértice da Alma