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sábado, 24 de setembro de 2011

TRAMPOLIM


Reza a história que havia um País virado para o Atlântico

Cheio de navegadores,que descobriram o mundo até onde o olhar não alcança

e um povo que lhe corria nas veias o sangue da aventura e tinham a garra que causava a inveja a outros povos.

Com o tempo os reis deram lugar a outras formas de governar.

E o povo começou a sentir o silêncio roer-lhe a alma,uns fugiram da fogueira

outros ficaram para que neles se cumprisse o sentido do quero posso e mando.

Trabalhavam solo a solo,comiam o pão que as mãos mirradas amassavam.

O tempo foi o melhor confidente guardou memórias,desterros,gritos fechados

num céu vermelho.

Formaram-se exércitos.embarcaram-nos para terras de áfrica em defesa

de um orgulhosamente só.Regressaram com todas as mazelas e as fileiras

desfizeram-se deixando as marcas da inutilidade.

Até que em Abril uma madrugada despontou.um sol devolveu-nos a liberdade

iniciava-se então a democracia.

Entrevistas,comicios,canditaturas e logo o povo foi chamado a dar o primeiro

salto num trampolim adormecido.

Encheram-se as almas de canticos,artistas libertavam o seu pensamento.

E a história caminhava e com ela o trampolim ali quieto na expectativa

de um salto que nos desse o ouro.Como ele estava enganado!Pobre trampolim!

Vieram os democratas,olhos e mãos directos ao metal,palavras muitas intenções

davam uma biblia e depois o pedidozinho ao povo:Votem em mim porque vai ver

que até lhe arranjo qualquer coisinha que vai ganhar uns trocos!

E o Povo saltava o trampolim cheio de garra sempre com a chama da esperança

acesa .

Era a hora certa de compadrios e então os tentáculos movem-se no sentido

de tudo ser permitido sem nada transpirar para fora,mas foi sol de pouca dura

o povo olhou o trampolim saltou e GRITOU até que alguns sairam com a promessa de um dia voltarem

para terminar o trabalho encetado.

De novo surgiram promessas,rostos novos,discursos bem maquilhados,agora acompanhados de uma troika

que actua a bem de cada país pobre e o povo nem olha o trampolim!Reza por essa

bendita troika e acendem-se velas por todos os lugares!

Disparate,arrogância,prepotência,descontrol total,buracos e sacos sem fundo

derrapagens atrás de derrapagens,mas a justiça cegou e o povo emudeceu.

Roubaram-lhes a esperança,o país, as migalhas menos trampolim! Está vivo

o sangue pula-lhe!

Espera-nos o salto!Não o mortal mas o salto para a honestidade,dignidade

num TRAMPOLIM sem mácula!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Galáxia de Dores


Ondula uma neblina
Entre o espaço e a alma
Cerrando o olhar
Na escuridão ressuscitada
De um ventre rugoso

Nos odres das horas
Jorram águas nuas
Rezando as contas vividas
Num tempo violado
Por deuses incaustos
Caminhos vestidos de basalto
Acolhem no regaço
As passadas desta gente
Prenhe de solidão
Repassam as esquinas da vida
Varrendo a poeira sonolenta
Que vai esmirrando o pensamento
Deixando apenas na Alma
O toque real de uma brisa esquecida

Nem o sol desperta
A verde esperança
Rasgada pelas rugas
De um rosto
Que VIVEU VENDO
O CHORO DAS RIBEIRAS
O PERFUME DAS MADRESILVAS
A BRISA NUM CAMPO DE TRIGO
O MAR QUEBRANDO A FOME
O PORTO ABRAÇANDO A ALMA

O TEMPO ESCORRE PELAS ENCOSTAS
DESTA GALÁXIA DE DORES
ENQUANTO ALGURES
EXISTE UM ROSTO SERENIZADO
OLHANDO A POBREZA IMPOSTA
a solidão tenebrosa
a fome desmedida
a criança escarnecida
a mulher violada
o bebado arrotando a raiva
no vidro baço do olhar

Ondula um silêncio faminto
Enquanto o coração rasga
O universo da memória
Talvez ela também filha
Desta GALÁXIA DE DORES.
Vértice da Alma

quarta-feira, 16 de junho de 2010

SONHOS CASTRADOS

No silêncio do olhar
Há um rio sonolento
Um pássaro dilatando as asas
Um sol refletido
Na calçada negra de lamúrias
Abraça-nos a quietude inquieta
O corpo espreguiça a monotia
As mãos dedilham o rosário
E pedem um sem fim de esperança

Rodam as horas
Na moldura do tempo
E o ontem foi sombra
Neste hoje mentido

E acreditaste no Sol
Na atitude apaziguadora
No discurso pausado
Na força das palavras
Setas apenas
Atiradas á fornalha

Na memória renasce a fome
Nos bolsos o vazio
Na alma o sonho castrado
No pensamento
A ira de apenas seres um número

Desilusão!
Raiva!
Grito!
Mas ninguém te ouve
Porque os números só cantam
Nas madrugadas mentidas.

Vértice da Alma



terça-feira, 5 de janeiro de 2010

POETA

Poeta,rosto escavado

Na penumbra do tempo

Alma de garça

Desenhando no espaço

As letras soltas

De uma canção

Que embalou o sonho


Poeta

Lava incandescente

Borda o teu pensamento


E o sal?


Ai o sal!


Vertigem que rodeia o teu olhar

Espasmo do sentir

Rolando num rosto

Refletido nas águas

De um oceano de palavras


Poeta voz aquém deste infinito

Tempo sem idade

Hora sem espartilho

Liberdade explodindo

Na espuma de um dedilhar

Quase febril

Levando a alma ao limiar

De um êxtase quase divino
E soltam-se

Como bagos de uma vinha

Embebedam

Seduzem

Perfumam o amanhecer da vida

Antevendo o grito

De quem acredita

Na candura das palavras


Poeta

Serás sempre o basalto

Que sustenta este doce pilar

De no colo deixares tombar

Mil sentires

Dando corpo á luz

E alma á verdade


Poeta,da solidão incontida

De vozes vergadas

De lágrimas paridas

Nas esquinas da vida

Onde adormecem os silêncios

Que acordam as consciências.


Poeta um deus ungiu-te

Com óleo de jasmim

Deixando no teu rosto

O rasto de um fado

Cantado pela alma de uma estrela


Vértice da Alma

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Regresso


Regresso entre sons e palavras

Dançando entre sorrisos

Deixando no espaço

O abraço de uma alma

Fogo e água

Escorrendo sobre as frinchas do tempo.

A todos um 2010 cheio de palavras e gestos de PAZ.

VÉRTICE DA ALMA

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Santa Maria

Cumprem-se as horas
Em circulos quase perfeitos
Neste universo
E cada quadrante
É apenas a leve pena da memória
Que o silêncio não deixa apagar

Rezam-se os pregões da vida
Nas noites brancas
Solta-se do olhar
Esse sal que fecunda o sentir
Soltando o grito da alma

E os lábios
Esse múrmurio latejando
Aos céus de breu
Poisam sobre o rochedo

E do peito
Ai do peito
O grito
O sonho
A visão
Amarras soltas
No cais da esperança
Suor de uma ladaínha
Que escapa ao gesto
Explodindo a chama deste esperar

Valha- Santa Maria
Que o tempo avança
E depois?

Depois já é tarde
Para nos aconchegarmos
Ao rosto da Paz
E sentirmos o beijo suave
Do retorno ás águas de mel

Santa Maria
Acorda-nos no cais
Antes que o corpo morno e lasso
Desça aos cumes da escuridão
Para que nela se perpétue
A eternidade do Ser.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Rasgo de Olhar



Falta ao olhar a limpidez
Para rasgar esse orvalho matizado
Onde se aninham as palavras invertidas
De gesto e alma
Falta o sulco
De todos os caminhos
Esse rasgo entre a terra queimada
E o desejo de alcançar
Esse pedaço de sol
Onde adormecem verdes esperanças
Falta o grito mesmo que chorado
De tantas Almas famintas
De tantos corpos alquebrados
De tantos olhares
Parados num tempo sem tempo
Falta ao olhar
O deslumbrar de um amanhã
Onde haja um naco de pão
Mesmo que seja
Na mais apertada esquina da vida

Falta ao olhar
Apenas e tão sómente
A verdade por tantos escondida.