Cumprem-se as horas
Em circulos quase perfeitos
Neste universo
E cada quadrante
É apenas a leve pena da memória
Que o silêncio não deixa apagar
Rezam-se os pregões da vida
Nas noites brancas
Solta-se do olhar
Esse sal que fecunda o sentir
Soltando o grito da alma
E os lábios
Esse múrmurio latejando
Aos céus de breu
Poisam sobre o rochedo
E do peito
Ai do peito
O grito
O sonho
A visão
Amarras soltas
No cais da esperança
Suor de uma ladaínha
Que escapa ao gesto
Explodindo a chama deste esperar
Valha- Santa Maria
Que o tempo avança
E depois?
Depois já é tarde
Para nos aconchegarmos
Ao rosto da Paz
E sentirmos o beijo suave
Do retorno ás águas de mel
Santa Maria
Acorda-nos no cais
Antes que o corpo morno e lasso
Desça aos cumes da escuridão
Para que nela se perpétue
A eternidade do Ser.