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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Galáxia de Dores


Ondula uma neblina
Entre o espaço e a alma
Cerrando o olhar
Na escuridão ressuscitada
De um ventre rugoso

Nos odres das horas
Jorram águas nuas
Rezando as contas vividas
Num tempo violado
Por deuses incaustos
Caminhos vestidos de basalto
Acolhem no regaço
As passadas desta gente
Prenhe de solidão
Repassam as esquinas da vida
Varrendo a poeira sonolenta
Que vai esmirrando o pensamento
Deixando apenas na Alma
O toque real de uma brisa esquecida

Nem o sol desperta
A verde esperança
Rasgada pelas rugas
De um rosto
Que VIVEU VENDO
O CHORO DAS RIBEIRAS
O PERFUME DAS MADRESILVAS
A BRISA NUM CAMPO DE TRIGO
O MAR QUEBRANDO A FOME
O PORTO ABRAÇANDO A ALMA

O TEMPO ESCORRE PELAS ENCOSTAS
DESTA GALÁXIA DE DORES
ENQUANTO ALGURES
EXISTE UM ROSTO SERENIZADO
OLHANDO A POBREZA IMPOSTA
a solidão tenebrosa
a fome desmedida
a criança escarnecida
a mulher violada
o bebado arrotando a raiva
no vidro baço do olhar

Ondula um silêncio faminto
Enquanto o coração rasga
O universo da memória
Talvez ela também filha
Desta GALÁXIA DE DORES.
Vértice da Alma