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quinta-feira, 20 de março de 2008

Entre Vértices

Enquanto o dia vai subindo os degraus do entardecer deixo o olhar deslizar neste mundo onde quase tudo está em aberto e entre toques e virar de páginas duas linhas convergem nesta viagem aquém de tudo e de todos desventrando palavras,gestos ou apenas profundos silêncios.
Nesta rápida viagem este olhar perfeito luzeiro de alma contorce-se entre espasmos e gotas de uma chuva talvez quem sabe lágrimas de Deus subindo nestes vértices onde tudo se une num ponto.
Vi poetas deslizando suas penas sobre uma mancha de azul querendo transparecer o suor dos dias em palavras de alma quais mãos feitas mar inundando um corpo feito barro.

Vi o rubor de lágrimas em desespero queimando este tempo brando enquanto olume da raiva se ia acendendoem cada pedaço de pele.
Vi a fome vestida do mais puro negro,boca de mil pedaços de desgraça,disforme gotejando a espumade quem apenas recolhe as sobras deste dia que alguém decepou ao nascer.
Vi a solidão chorada ,pisada entre os umbrais da alma e o corpo mercê de quatro paredes nuas e bolorentasrodeando a palha onde o descanso é ilusão.
Vi gravatas rodeadas de nós incertos na espera de uma câmara para mais um sensionalismo neste palco da vida deixando um cheiro nauseabundo e quase falso caindo no chão do corpo todas as promessas feitas e juradas em nomede um deus que nao conheço!
São gente políticamente correcta,são instruídos,trazem na boca a chama da verdade e nos bolsos este maldito metal que corrompe e tudo deseja ter em posse!
Ah ilusão podre,falsa palavra transbordando do olhar a angústia de quem não pode apagar o registo de uma consciência!
Vi o povo crescendo nas fileiras da certeza,sem armas nem bastões,apenas trazendo no regaço,a voz da Alma o suor sem paga, as migalhas jogadas com desprezo,a lágrima de uma raiva acesa no sangue de quem é filho deste sol semeado no universo.
Estranha forma de vida(já diz o fado) se passa nas fileiras da memória dos iluminados!
Vi crianças, corpos esguios, olhos fecundados pela incerteza de um amanhã não liberto das tenazes que espreitam a cada virar de esquina da vida.
Vi os velhos junto do lume orando um rosário de dores e pedindo a partida deixando rolar sobre o rosto aquela lágrima que teimosamente lhes faz recordar outras vidas.
Vi mundo e mundos num relance de alma enquanto entre vértices se chora a verdade da vida.

segunda-feira, 3 de março de 2008














Mesmo que o mar lhes toque a alma
Caminham sem medos
É esta vontade sem limites
Que fazem destes homens
Luzeiros da noite
Pisando esta lava
Plena de promessas
Na boca o orar
Nas mãos o rosário
No olhar este agradecimento
Por terem sido abençoados
Na hora que o mundo
Mudo ficou.
São estes os homens da minha ilha
Em romarias de fé
O sol tisna-lhes a pele
Mas nao lhes verga a Alma.

Bem Hajam!