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quinta-feira, 28 de junho de 2007

Tu Que Me Falas de Amor

Tu que me falas de amor
Neste tempo despido de verde
Entre esta passagem de mar e amar
Entre a ponte em mim erguida
E a realidade suspensa
Deixa-me soltar estes ecos
Que me ensurdecem a alma
Deixa-me fugir em mim
Deixa-me chorar
Mesmo que tarde já seja
Deixa-me ficar no ventre
Do silêncio
Quem sabe um dia
Talvez eu acredite
Que tu me falaste de Amor.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Ser VIDA



Eu queria semear rosas
Nestes sete palmos de terra
Regá-las com o carinho
Orvalhá-las!
Não com as lágrimas
Nem com o sangue que me escorre
Das feridas abertas
Pelos dedos sombrios das fraquezas
Que rodopiam no tempo
Queria semear rosas
Com as mãos limpas e translúcidas
Desta alma
Que nem os astros dominam
Quedar estes lagos sedentos
Nas suas rubras pétalas
Esvaziar os bolores da saudade
Encher-me do seu perfume
Tocar cada pétala
Como se fosse a última vez
Ai como eu gostava de semear rosas!
No regaço de um momento
Para vida ser
Na eternidade de todos os pensamentos!

MULHER

Reclinada sobre a alma
Dedilhas a vida
Nessa nuvem estreita
Que se perde num olhar
Abraças...
Cristais de água soltos
Na maré do teu silêncio
Abandonas-te...
No tempo que corre na saudade
Esqueces memórias e razões
Calas os múrmurios
Que pulsam em teu peito
Em réstias de coragem
Desnudas essa morte branca
Que te impuseram
São cinzas de um ontem
Consumidas pela solidão
Renasces!..
De uma lágrima azulada
Voas no olhar profundo e sereno
De uma esperança sem horizontes
Essa essência divina
Que faz de ti não uma miragem
Mas sim.....
Uma Mulher.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

MARÈ CHEIA



Este vai e vem de água
Doce
Melodioso
Sacode-me o pensamento
Oiço-o neste Silêncio
Naco do Infinito
Tomo-O
Nestas mãos
Feitas espuma
Olho-o
Deixando as lágrimas soltas
No rosto deste mar
Paro
Cerro o tempo
Entre as frinchas desta névoa
Porque á Alma
Basta esta maré cheia
Ao nascer um sonho.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Se Eu Pudesse Escrever


Ah se eu pudesse escrever!

Letras soltas

Sem tingir o branco deste canto de papel

Com a água que me escorre

Das fontes abertas

Talvez fosse um poema

Livre de angústias

Livre de sombras

Que se instalaram no meu olhar

Relembrando-me a cada momento

O charco semeado

Por onde passos de alma

Desvendam sonhos arrefecidos
Ah se eu pudesse!

Conter nestas mãos a dor

Que me sobe até á alma

Transformá-la

Em gotas do mais puro mel

Talvez aquietasse

Todos os arrepios

Que trespassam o sentir
Choremos as duas

Tu minha doce companheira

Que outros olhos não vêem

Nem sabem onde te escondo

Choremos até a noite se renovar

Choremos enquanto do céu

Gotejam lágrimas

Talvez de um anjo
Ah se eu pudesse escrever!

Fariamos um dueto

Tu alma serias a melodia

E eu o renascer de um poema

Nas letras da vida.



Do cinza do dia
Vestiste o teu olhar
Deixaste cair lentamente
As lágrimas de um Outono
Na pedra fria
Onde a nudez das tuas passadas
Se afogam nesse charco
Plantado no meio da rua
E o vento dança
Num voo liberto
Varre-te o pensamento
Enquanto a alma
Arde na fogueira do lamento
Porque choram teus olhos
Estilhaços de vida?
Talvez
Porque o tempo
Não é face mas sim disfarce
De um mistério plasmado
No arrepio de um choro.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Entardecer

Este sol plantado
Ofuscando a frieza do vidro
Benze o entardecer
Desenterra sentimentos
Sem destino nem bandeira
Sacode faúlhas de pensamentos
Baloiça o tempo
Que a paz da tarde vestiu
Com sombras alaranjadas
Até o mar se ergeu
Elevando as mãos para lá do horizonte
Abraçando o universo
Este sol plantado
Areja as horas presas
Nas teias de um tempo sem tempo.

terça-feira, 12 de junho de 2007

AMANHECER



Vôo na surdina deste silêncio
Que me tange o pensamento
Solto as asas
Em gestos rasgados
Vôo ao mais fundo de mim
Onde repousam
Os poemas que não escrev
Os mares que não soltei
As madrugadas que não abri
Os céus que não toquei
Sim....
Onde há uma Alma
Uma espécie de sonho
Pleno de misticidade
Um quase tocar
A mão do Infinito
Aí...
Estará o Renascer
No meu Amanhecer.

HOJE



Hoje...
Queria tomar nas mãos
Este momento
Tocá-lo...
Senti-lo...
Perder-me no seu olhar
Adivinhar-lhe o pensamento
Sorrir-lhe...
Depor nas mãos do tempo
Este sentimento que me une
A uma eternidade
E se edifica no meu ser
Hoje
Queria ser perfume intemporal
Nas pétalas do tempo.

domingo, 10 de junho de 2007

Enlevo



Guarda a minha alma
Na palma da mão do teu sentir
Afaga-a com a ternura
Deste sonho que doura o teu dia
Contempla este momento
No sossego das horas
Enquanto de ti
Escuto essa voz
Feita brisa suave
Deslizando sobre as alamedas do meu corpo
Guarda minha alma
No silêncio do orvalho
Que beija o teu olhar.

sábado, 9 de junho de 2007

Véspera

Há estrelas plantadas
No beiral da alma
Há sorrisos alvos
Em corações ainda meninos
Há um sol ternurento
Pai de um amanhecer
Há um firmamento
Que se funde no meu ser
Há sonhos a florir
Num pensamento
Há momentos que são
O todo de uma esperança
Há uma véspera que me espera
Na eternidade de um tempo.

Abrem-se as Mãos



Abrem-se as mãos suaves como brisa
Poisam na teia fixa
Entre a dor e o peso das lamúrias
Matam o tempo profanado
Essa eternidade
Que um dia lhes fugiu entre os dedos espalmados
Eternidade?
Será um tempo a não ter tempo?
Ou uma infância de memórias?
Ou pedras escavadas nos olhos da montanha?
Ou palavras que chovem no coração da noite?
Abrem-se as mãos
Crucificando este quase-sendo
Sem remir nada.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Não



Não quero recolher
Gotas de um velho outono
Onde os sentidos
São amarras
Presas em fronteiras
De olhares grávidos de silêncio
Não.....
Não quero o parto fácil
De uma beleza fria
Onde o nunca é o nada
E o sonho é letargia
Não......
Não quero esta lama
Estas pedras ocas
Que o mar leva na água
Arremessando contra as paredes
Do tempo
Não!
Só quero o que me basta
Nas sobras do que me falta.

Brisa

Inconstante sobre o tempo
Vai deslizando qual ave
Sobre um céu escorregadio
Desce ao fundo das águas
Lavando o rosto do cansaço
Assobia entre as frinchas da alma
Renovando cada hora viciada
Deixando nas mãos nuas
A frescura de um sopro.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Dizei-me

Dizei-me com a voz da alma,
Sem que o pestanejar se abra
Nem o bocejo seja a hora perdida,
Escrita no vermelho do entardecer;
O lugar;
O espaço,
Onde o poeta seja o corpo do amor
Quando surgem no horizonte
Nuvens de sangue.

Dizei-me antes que a madrugada acorde
Onde colocar esse sal
Que emerge de um olhar
Quando as mãos
Percorrem as palavras
Acendendo o lume
De um gesto.

Dizei-me com a voz da alma,
Se existe o momento em que o espelho
Não consente a imagem
Nem a luz,
Restando apenas o vazio...

Dizei-me,
Se o poeta é a face da transparência
Ou o acordar do silêncio?