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domingo, 23 de dezembro de 2007

Mão Estendida

Fecham-se os olhos

Ao tombar o grito da pobreza

No beco da alma

Ressoam esmolas

Nas mãos ressequidas

Desta pequenez que nos gerou


Rompe-se o destino

Em farrapos incertos

E o mundo avança

Num correr sem medida

Contra o tempo

Que de ti se alimenta
Fecham-se portas e janelas

A noite pica as estrelas

Escondidas no medo

Que disseca o corpo

Caído nos escombros da vida
E tudo se esvazia

Até a côdea seca

Já nada resta

A não ser

Uma mão estendida numa noite de Natal.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Aqui por detrás das Palavras

Aqui por detrás deste desfile de palavras
De sons mágicos
De toques de alma
De silêncios perfumados
De marés envelhecidas
De nevoeiros encrespados
De olhares grávidos
De bocas sedentas
De mãos sedosas
Há um tempo onde me recolho
Desfiando esse novelo que me fala
De fios escorridos
Sobre esta tábua
Que nao perscreve
Mas escreve as tonalidades
Que brotam da alma
Aqui por detrás das palavras
Sinto o beijo frio da noite branca
Essa que se enlaça
No corpo da lua
Deixando suspensos os fios
Onde os sonhos são corpo
De uma alma azulada
Aqui por detrás das palavras
Sinto a lágrima esvair-se
No lacrimejar do silêncio!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A Alma Acorda e Treme


Gestos ou sombras apodrecidas
Despenham-se dos cumes do tempo
Rolam pedras sobre as osssadas
Da carne magoada
Soltam-se os espinhos
Rasgando as veias de todos os pensamentos
Deixando este sombrio caudal
Entre o negro de um sorriso
E os lábios entreabertos
De uma alma que acorda e treme
Na angústia ressurge o pavor
Em reflexos avermelhados
Deixam no olhar o fogo
Que aquece o brando peito
Onde jazem as mágoas
Repisadas pelos pés dolentes
De mil silêncios escondidos

Tombam as últimas gotas
Deste vermelho tão desejado
Esvai-se o espírito
Para além deste céu
Enquanto nesta aldeia
As bocas se escancaram
E as mãos estalam
Atigindo o êxtase de uma glória
Coberta de todas as ignorâncias
Cruel e vil sentir este
Que preenche vidas
Alimentando-se deste findar
Enquanto o pulsar retina
Num gesto de desepero cortando as amarras
De uma morte em vida
Condenam-se os últimos gemidos
Abrem-se covas no deserto
Enterra-se a vida
E mais uma vez
A ALMA ACORDA E TREME!

domingo, 4 de novembro de 2007

Pégadas

Quando a noite descer

Pelos degraus do sol

E o esboço da vida

Se desenhar nessa linha

Onde o tempo e o sonho

São um só

Reabre os espantos em ti contidos

Escuta os passos do silêncio

Toma nas mãos as pégadas da alma

Porque...

Nada mais sobra

Que a memória florida

De um instante.


quarta-feira, 17 de outubro de 2007

PEDAÇOS DE GENTE

Pedaços de gente

Na beira da calçada

Sobre a pedra fria

Esmagados...........

Feridos..........

Roubados..........

As passadas tocam

As margens deste corpo

Cada vez mais alheias

Aos gemidos e às dores
Pedaços de gente

Para quem o pão ressequido

É o tocar este céu baixinho

Já não ouvem uma palavra

Nada esperam desta maldita raiva

Que lhes impuseram
Pedaços de gente

Que trazem o olhar turvo e distorcido

Estranhos cobertores

Tapam a miséria de papelão

E ninguém diz nada
Pedaços de gente

Em extrema solidão.

Pedaços de gente

Esmagados pelas mãos

De quem nunca soube

Abrir a alma

A um grito de pobreza.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Tomba o céu na preplexidade deste anoitecer
É o outono caindo sobre a poalha do tempo
Vai subindo nas mãos o entardecer
Feito de uma réstia de luz
Debruçada sobre a Alma
Estende-se o oiro da eira
Loiras espigas
Desenhadas num rasgo de luz
Enquanto o olhar vai aquém
Dessa linha que o toca
Qual brisa orando este Hoje
Aspergido de Luz.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Mãos Vazias

Mãos vazias
Tecem gestos emaranhados
Alastram raízes
Na branda terra que as olha
Cavam regos de tempo
Semeiam horas perdidas
Colhem frouxas sombras
Fragmentos de anos idos
Rasuras flageladas
Na cruz retorcidae amordaçada na dor
Que lentamente poisa
Nos braços da mágoa

Mãos vazias
Num áspero lamento
Vagueando entre a pena que se tem
E a que se perde
Em memórias
De tinta azul.

sábado, 22 de setembro de 2007

Transparência

Do céu tomba o macio branco

Que se enrosca nas voltas

Deste sol envergonhado

Estendendo o seu pestanejar

Sobre o rosto macerado do tempo

Recolhem-se flores

Adormecendo nas gotículas humedecidas

De um olhar terno

Solta-se o perfume dos afectos

Que enlaçam o pulsar

A pele cede ao arrepio breve

Enquanto as mãos

Tecem uma grinalda

Sem penas nem lágrimas

Quebra-se o nó

Que asfixia os sentidos

De um corpo adormecido

Soltando-se dos lábios da alma

A suavidade de um cântico

Que se eleva aos céus do Ser

Deixando o aroma do amor

Pairando no leito

Onde todos os afectos se sublimam

Enquanto a voz do amor cala a lágrima

Que se solta no seio da emoção

Nem o tempo nem a hora existem

Quando sobre cada coração

Se soltar a ternura deste amar

Sem nada pedir em troca

Apenas amar até que sobre mim

Caia a noite sem regresso.


terça-feira, 11 de setembro de 2007

Essência



O tempo cede-me um espaço
Onde as imagens fervem
Qual fogueira transbordando
Sob as escarpas do corpo
O momento verte sobre a alma
Pétalas de um pensamento
Cujo fundo é esta mescla
De sentimentos e afectos
Espalhados nas palavras
Que vou escrevendo
Sobre a tábua da vida
A hora esvoaça no regaço da essência
Onde flores vão trauteando
Perfumes que se soltam
De mãos angelicais
O dia vai caminhando
Sob a espuma do céu
Sob as estrelas
Inclina-se sobre as trindades
Enquanto este fogo de alma eternecida
Sorve o bálsamo
Que acorda as palavras.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Nostalgia


Oiço o marulhar deste mar
Na lentidão do tempo
Nas trevas da memória
As palavras vibram como feridas
Ah mas será este o meu mar?
Que bate e rebate meu corpo de água
Nas marés do silêncio
Ou será sómente a frescura das areias
Que fazem dos meus lábios
O eco da saudade?
Já nada seiE eu já tão pouco sabia
Fecho meus olhos de sal
Vejo as dunas de um sonho
Nesta espuma
Neste mar que quero reter
Na minhas mãos
Mas das minhas mãos escorrem
Sómente gota a gota
A água cansada
De um olhar parado.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Instantes de Reflexão

Breves como a água doce que desliza sobre o cálice da vida são estes momentos que transbordam da alma abraçando a esperança de um amanhã que se vestirá de sorrisos bonitos ou lágrimas paradas num repouso feito pedra imolada nas mãos de Cristo feito de milagres de razão.

Foi!

É!
E será assim este tempo que se vive mesmo antes de o termos vivido na pura explosão dos sentidos sobrando apenas breves instantes.

Perfeito é o vento que nos transporta a outras paragens onde repousamos o olhar e deixamos que outras mãos moldem o barro que emerge deste nada onde sete palmos serão um dia o elevar deste todo a um mundo que vingimos conhecer ou tentamos ignorar

Há qualquer coisa em tudo isto que me escapa e arrepia deixando soltas as mãos.

As mãos onde tudo começa

As mãos que cavam sulcos onde nascerão rebentos

Mãos que se elevam a este céu baixinho esperando o respirar deste Cristo que desce qual sarça ardente e acarecia o rosto da alma e a forçaéeste ajoelhar sentindo a voz quebrar-se .

Mãos que desfiam as palavras, rosário de vida entre o sorrir e o deslizar do sal sobre um rosto curvado.Perfeitas orações cruzam-se nos céus do hoje retenindo quem sabe amanhã ao toque das trindades relembrando que fazem nascer no olhar o deslumbramento.

Mãos que criam e recriam para que a contemplação da alma seja a harmonia perfeita

TU passas-te assim breve tocando quem de ti se abeirou.

Vejo-te e nasce em mim o desejo de te tocar sentir as tuas mãos traçarem quase a bizel este corpo esculpido em barro.

Vejo-te homem sereno caminhando sobre o aqui este agora

Vejo-te mutilado enquanto adormeço sobre o regaço de uma lágrima que escapa deste rosto esculpido no barro.

E tudo isto foi relâmpago e não miragem de pequenos e breves instantes onde o EU se libertou e foi aquém do horizonte.


terça-feira, 28 de agosto de 2007

Pássaro

Minha alma é redemoinho
Que leva ao regaço do vento
As palavras mães deste pensamento
Sou pássaro
Que toco e retoque as marés
De um mar sem destino
Poiso nessa alva espuma
Olho o horizonte
Não me detenho
Já não há aragem
Nem sal que tinja
O QUERER

Voo até ao infinito
Nas asas trago estrelas
No coração
A frescura de um sonho.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

ESCRITA DE UM SENTIR

Escrevo com as mãos marejadas
Com o olhar despejado
Na maré rasgada
Deste rosto que se encolhe
Entre o anoitecer
E o renascer da água

Escrevo aquela lágrima
Que rasga a carne
Deixando o negro
Sobre a plenitude do corpo

Escrevo aquela lágrima
Que se esconde entre a névoa da mentira
Que nunca foi chorada
Mas sim sussurrada
Ao ouvido do vazio
Deixando cair a penumbra
Que entropece e adormece
Sobre o gelo de um ontem negro
Escrevo tantas lágrimas
Aquelas que se deitam no leito da solidão
Amarrando os corpos
E os deixando tocar a boca da morte
Escrevo Lágrimas!
que me fogem
Entre os dedos esguios
Gemendo a primavera da vida

Escrevo aquela lágrima
Que estremece o sentir
E faz do ventre o eco
O grito do desespero
De tantas horas perdidas
Nas margens do esquecimento

Escrevo esta dança de água
Que tomba sobre o pensamento
Deixando o gotejar
De umas lágrimas ácidas
Jamais vertidas da alma
Mas sim das mãos
Da ETERNIDADE de um SIlÊNCIO
Que a alma nao desvenda

Escrevo lágrima
Chorando a verdade
Que escorre sobre a alma.
De um sentir.

sábado, 18 de agosto de 2007

Mente-me

Mente-me
Vento rubro que deambulas
Em murmúrios de falsas esperanças
Em lamentos de surdina
No crescente das folhas

Mente-me...
Nesse rodopio que se esvazia
No doce perfume de uma tenra rosa
Colhida no soluço
De uma gota inocente
Mente-me...
Quando as tuas passadas
São pedras de um tempo
Deixando na alma o sabor
De um travo arrepiante
Mente-me...
Despido de ti
Mostra-me a aragem das mãos
Talvez elas sejam o abrir
De uma primavera
Mente-me...
Vento...
Porque sei onde estou
Mas não sei de onde vens.

Mente-me...
Só hoje com a verdade!

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Entre as frinchas das certezas vão espreitanto as incertezas com que por vezes pintamos essa tela que de azul só resta este céu onde as mãos tentam tocar no momento da agonia.
Disparam raios que me deixam presa no fogo que me transcende ,sinto a aridez na voz e o espanto subir-me na alma.
E esta raiva bendita que se prolonga aquém da noite deixando nas mãos esta loucura solta na pena esmagada entre os dedos.
Que sabeis vós letrados imponentes sobre a alma essa que canta a liberdadee flui na brisa tal como a carícia de uma criança?
Que sabeis da lágrima esmirrada escorrendo sobre o manto da fome alimentando as veias doridas deste nada que teima ressuscitar a cada amanhecer?
Que sabeis desta solidão que se passeia sobre o dorso da noite gritando a morte branca envolvendo cada suspiro num sufoco suspenso entre o partir e o ficar soletrando todos os compassos deste fado feito de dó?
Que sabeis do cantar destes pássaros que sobrevoam o circulo de fogo quando o vosso olhar é o inverno que rói cada osso deixando transparecer esse vicío onde tudo se corrompe para depois ser pó?
Que sabeis deste cadenciar que enlaça o corpo maduro e deixa nas mãos a única certeza que toca os sentidos e se esbate no pensamento libertando a pureza do amor esmagando a lúxuria matando cada animal que vive dentro de cada peito?
Que sabeis desta magreza escorregadia que grassa no campo de todas as batalhas deixando na boca o sabor amargo de quem nunca mordeu a codea do pão com que se saceiam os uivos de tantos lobos?
Que sabeis destas cores translúcidas que anunciam a benção dos céus se a água é o vinho que se ergue desse maldito cálice que só transborda ódio e espalhao terror e a vingança nas horas que o pensamento etilizado espreita a vitíma?
Que sabeis deste partilhar se as mãos se escondem entre sacos sejam eles azuis ou verdes e satisfazem o luxo que impera a ocasião não vá o diabo tecer a manta rota e deixe a nu a pobreza escondida?
Que sabeis de leis se nunca a boca grita a verdade que a alma lhe dita?
Que sabeis deste espírito que que vagueia entre o ser e toda a misticidade que envolve o olhar que se deixa levar pela hora do perdão sentindo este ajoelhar de todas as dores como o respirar profundo da paz?
Que sabeis deste todo quando em vós só existe o resto do nada?
Ignorantes?
esinteressados?
Apáticos?
Falsos?
Falsos profetas?
Velhos do Restelo?
Será?
Ou apenas o verdadeiro egoísmo á solta num mundo feito de comuns mortais vestidos da imortalidade gerada no ventre de uma mulher que doou a verdadeira humildade e sentiu o Amor dentro de um coração ajoelhado.
Que sabeis se o olhar não se curva sobre a alma a cada bater de horas?
Que sabeis homens de pulso duro ,de regras esmirradas do sentir de uma alma,de um coração
que se cansa ao virar o hoje,de uma boca escancarada e de uma mãos seca?
Que sabeis?
Dizei-me se o amanhã for o erguer da verdade na sua plenitude !

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

É por Ti

Que o vento se veste
Na mansidão do olhar
São sons de violoncelo
Rasgando sinfonias
Embevecendo olhares
Estremecendo a frescura
Do teu canto
É por ti...
Que o fogo se ateia
No cintiliar de estrelas
Presas no teu olhar fixo.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Sonhei-te

Sonhei-te rosa
Ou púrpura
Mar revolto
Horizonte
Vento
Desfraldando o destino
Que a alma há-de trilhar

Sonhei-te
Silêncio.

SEI

Nas minha mãos de lápis e pincel

Não cabe este sonho

Que se vai abrindo

Estendo um véu de luar

Onde tu descansas

Quando as horas te pesam nos ombros
Ergo ao céu alaranjado

Pétalas de mim

Sorrisos semeio

Para ti a quem o tempo

Acrescentou mais uma ruga
A cada grão semeado

Nas tuas mãos terás

Um ramos de espigas loiras

Um perfume verde

Um jardim de alma
Sei !

Que com estas mãos

Escrevo-te!

Penso-te!

Pinto-te na tela do pensamento

IMORTALIZANDO-TE.

domingo, 5 de agosto de 2007

Não há Mãos



Não há mãos que segurem
Este sentir doentio
Este ódio que se levanta
Antes da alvorada
Não há mãos que desatem
Este nó de violência
Que se sacia do sangue inocente
Deixando a paz prostada

Não há mãos que aquietem a dor
Que surge qual ronco
No ventre da alma
Deixando o nada e as sobras
Serem migalhas de vento
Não há mãos que recolham
Todas as lágrimas pisadas
Arrebatadas das entranhas da alma
Deixando exposta a carne ferida

E o luto tomba sobre o mundo
Qual vento agreste
Enquanto o rosto da besta se esconde
Na alcova de ameaçadores silêncios

Não há mãos !

Mas há a voz e o grito
De um poeta
Que as mãos não apagarão
Porque o tempo deixa-lhes na memória
O grito da Liberdade.

sábado, 4 de agosto de 2007

Cais da Pobreza

No cais da pobreza
Há estrelas desfalecidas
Noites frias de pássaros
Estradas esmorecidas
Nos barulhos asfaltados
Sonhos fechados
Em outonos sem fim
Chamas extintas
Nos fumos soltos da saudade
Lábios chupando a vida
Suores meditados
Nas lágrimas sem rosto
Seios maternos secos
Num chão de promessas
Um pano roçado
Vestindo rico e pobre
Um choro de esperas
Sempre igual

Neste cais da pobreza
Há fome de um pão de doçura
Nos gritos avermelhados da alma.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Mãos de Papel


Duas linhas caídas de um corpo
Nasceram no fundo da alma
São anseios profundos
São lágrimas de um sol
São espelhos de uma partilha
São abraços sem fim
São madrugadas no meu entardecer
São a saudade de um rosto
São e sempre serão obras incompletas
No meu ser
As minhas mãos de papel.

São

Ao olhar ascende um oceano
Alaga os sonhos
Suspensos nas nuvens
De uma saudade
São tochas...
Que tisnam o rosto da alma
São sons...
Que estremecem
As margens do meu ser
São acenos...
Emergindo da ausência
São legendas...
Na tela da vida
São memórias...
Esvaziadas num soluço
São fontes...
Espelhadas num coração de água
São...?!
Sim...!
São lágrimas que retenho nas MÃOS
E com elas vou escrevendo
O sentir de uma ALMA.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Silencio Peregrino



Pela colina da saudade vai descendo
Este peregrino silêncio
Sopra-lhe o vento
Sobre o rosto enrugado
Soa-lhe o marulhar das águas
Onde tantas vezes lavou dores sem porto
Leva dento da sua alma
Um lamento que se arrasta
Cola-se ás gotas que escapam do seu olhar.
Gira-lhe o pensamento
No seu próprio eco
Desafiando essa voz
Que muda se faz nas horas
Em que a escuridão
É um choro
Arrancado de tantos silêncios.
Pela colina da saudade
Vai o silêncio peregrino
Em busca de uma alma sem dono.

domingo, 22 de julho de 2007


A noite cobre este pedaço de terra enquanto todas as sombras se recolhem no seu ego disfrutando cada medo como vitórias.
Passou-se mais um dia entre o diz que diz e o tombar deste escuro que recolhe em seu regaço todas as lágrimas tão rotineiras quanto as passadas destes manequins que deambulam tentando cativar um olhar mais atrevido ou um gesto que desbraves sentidos já tão contaminados de impurezas!
Solto a âncora deste meu barco e deixo a alma ser a timoneira neste peregrinar!
Destino ...ou fado este meu navegar tocando aqui e ali o coração daqueles que se dizem mais altos no pensamento!
Talvez movida por aquele brilho que nos seduz a alma e o pensamento vou quebrando todos os gelos dando lugar ao calor de um gesto.
Neste caminhar ou melhor nesta minha viagem em mares tão diversos vejo mastros outrora erguidos sobre o cintilar das estrelas hoje tombados talvez lhes tenha faltado o verdadeiro alimento !
A sinceridade de uma palavra brotando de uma alma virgem sem artificios nem luzes de ribalta!A humildade e o reconhecimento de saberem que são pó e em pó se tornarão!
Navego sobre as mansas águas que me envolvem e me devolvem a lucidez real deste mundo onde vejo palavras emperradas em almas não libertas.
Continuando a remar em marés tão vermelhas que deixam o olhar deste mar preso e quase abismado ao comtemplar sombras paradas e consciências adormecidas num ontem que já nem faz parte da história.
Reconduzi-las até a este pedaço onde as palavras são migalhas que alimentam a alma e o sonho ainda é aquele lago limpído onde a alma lava todas as feridas.
É querer erguer a ponte entre os que adormeceram em leitos de espinhos e aqueles que carregam o ideal jamais derrubado por qualquer fanatismo ou por os desentendimentos que vão aparecendo a cada esquina da vida!
Mas eu também sou um grão no meio deste pó todo!
Resgato todas as melodias contidas em almas sequiosas de vingança deixo-as sobre o corpo azulado de um mar que revolve e renova e com estas mãos de papel vou limando arestas rudes deixando em cada SER a razão deste permanecer!
E por acreditar que esta passagem não é apenas instante de prazeres carnais digo-vos:
Chamem loucos aos poetas esses que desvendam todos os silêncios e desnudam as palavras trazendo a cada olhar o fulgor de uma palavra limpa!
Chamem loucos aos que sem horas escrevem o tempo sobre a tábua da vida adiantando aos sentidos esse arrepio que a pouco e pouco vai despertando a consciênciae libertando o amor neste mundo tão mal amado!
Chamem loucos áqueles que pensando alto vão deixando sobre os regos da saudade a semente que vai transformar essa loucura na mais eterna Esperança!
Assim vou pensando alto enquanto os mais altos se deleitam sob a chuva de misérias regatadas na hora batida sobre a falsidade.
Doce loucura esta ou graça divina aspergida de um fogo que enebria o espírito deixando a nu a lucidez fazendo esquecer o ego e voar no mundo onde as palavras são a misticidade de cada amanhecer.

Calai-vos obreiros de guerras infindas
Que percorreis todas as escarpas
Desta eterna mancha verde
Soprai um fim de névoas
Desfazei esta maré de sangue
Que o vento esconde
No soluçar da noite
Segurai os dedos loucos
Das armas sem rumo
Aquietai as vitórias e os medos
Que despertam no olhar
A ilusão perfeita
De quem dilata o grito
Na hora em que a alma
É um rosto quebrado
Em perfeiro holocausto
Calai-vos!
Porque a dor já não tem nome
Nem morada certa.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

EXPOSTA



Exposta neste canto esbranquiçado
Ao sabor das horas mornas
Sou um pano rasgado
Desbotado
Pendurado na correria
De um tempo virgem
Cabelos soltos
Lavados na maré do olhar
Tocam a sombra
Das mãos que incessantemente
Batem no eco
E se esvaziam
Sou pessoa neste barro decadente
Que molda o grito
Em múrmurios
Em sílabas
Em gestos
Que amei no breu cru da cidade
Exposta neste canto esbranquiçado
Pico as estrelas escondidas
Nas bolhas da minha alma.

SENTIMENTOS



Trago...Nas mãos o sentir do mundo
As culpas
As vacilações
As angústias
A escravidão
Deslizam nas veias
De uma noite sem amanhecer
Trago.....Um quinhão de terra
Saqueada
Nas fronteiras da história
Trago lágrimas
De almas perdidas
Neste caos
Pintado de azul.

PÉGADAS



Quando a noite descer
Pelos degraus do sol
E o esboço da vida
Se desenhar nessa linha
Onde o tempo e o sonho
São um só
Reabre os espantos em ti contidos
Escuta os passos do silêncio
Toma nas mãos as pégadas da alma
Porque...
Nada mais sobra
Que a memória florida
De um instante.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Esqueci-Me

Esqueci-me que o sol se esconde

Nas frinchas das almas débeis

Deixando nas margens do corpo

O pó onde tudo começa

Onde tudo se ateia
Esqueci-me que as mãos deslizam

Esmagando a pele

Rasgando as veias

Deixando brotar o vermelho que aquece o bater
Esqueci-me da lágrima

Do olhar desvanecido

Da tristeza amachucada

Da palavra renunciada

Da dor estigmatizada

Da fome enterrada

Da Paz apodrecida

Da amizade magoada

Da saudade cantada

Em trinadados uivantes

Rasgando a pureza do Universo
Esqueci-me das palavras

Dos gestos

Do corpo

Da métrica

Das sílabas

Que outrora vestia

Cada folha de vida
Esqueci-me que numa noite

Deixei voar a alma

Deixando-a cair nas mãos de um sonho
Esqueci-me da luta

Que a cada hora bate

Na soleira da vida

Mentindo a liberdade

Transformando o todo

Neste nada que enche

O grito da alma
Esqueci-me de parecer

APENAS SENDO.

sábado, 7 de julho de 2007

Passadas



Caminho sobre as águas
De um mar que é pertença minha
Desperto na lentidão destas passadas
Descortinando o silêncio
Retocando-lhe esse destino
Que vai até ao fundo do existir
São a firmeza do tempo
A serenidade de uma alma
Num corpo de pássaro
Acordando as madrugadas
Esvoaçando sobre as marés
Erguendo a paz de umas mãos
Onde a vida se vai abrindo
Entre a névoa de um olhar
E o despertar desta luz
Que tisna a pele.
Caminho
Sem amordaçar
O bater das horas.

segunda-feira, 2 de julho de 2007


Minha alma é redemoinho
Que leva ao vento
As palavrasMães deste pensamento
Sou pássaro
Que toco e retoque as marés
De um mar sem destino
Poiso nessa alva espuma
Olho o horizonte
Não me detenho
Já não há aragem
Nem sal que tinja O querer
Voo até ao infinito
Nas asas trago estrelas
No coração a frescura de um sonho.

Explosão

Descem as palavras
Até ao fundo da alma
Percorrem as veias deste corpo
Em círculos de fogo
Dançam no olhar
Famintas
Húmidas
Insanas
Prenhes de desejo
Ardendo no sismo da pele
E lá fora o azul espera
A explosão da Alma.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Tu Que Me Falas de Amor

Tu que me falas de amor
Neste tempo despido de verde
Entre esta passagem de mar e amar
Entre a ponte em mim erguida
E a realidade suspensa
Deixa-me soltar estes ecos
Que me ensurdecem a alma
Deixa-me fugir em mim
Deixa-me chorar
Mesmo que tarde já seja
Deixa-me ficar no ventre
Do silêncio
Quem sabe um dia
Talvez eu acredite
Que tu me falaste de Amor.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Ser VIDA



Eu queria semear rosas
Nestes sete palmos de terra
Regá-las com o carinho
Orvalhá-las!
Não com as lágrimas
Nem com o sangue que me escorre
Das feridas abertas
Pelos dedos sombrios das fraquezas
Que rodopiam no tempo
Queria semear rosas
Com as mãos limpas e translúcidas
Desta alma
Que nem os astros dominam
Quedar estes lagos sedentos
Nas suas rubras pétalas
Esvaziar os bolores da saudade
Encher-me do seu perfume
Tocar cada pétala
Como se fosse a última vez
Ai como eu gostava de semear rosas!
No regaço de um momento
Para vida ser
Na eternidade de todos os pensamentos!

MULHER

Reclinada sobre a alma
Dedilhas a vida
Nessa nuvem estreita
Que se perde num olhar
Abraças...
Cristais de água soltos
Na maré do teu silêncio
Abandonas-te...
No tempo que corre na saudade
Esqueces memórias e razões
Calas os múrmurios
Que pulsam em teu peito
Em réstias de coragem
Desnudas essa morte branca
Que te impuseram
São cinzas de um ontem
Consumidas pela solidão
Renasces!..
De uma lágrima azulada
Voas no olhar profundo e sereno
De uma esperança sem horizontes
Essa essência divina
Que faz de ti não uma miragem
Mas sim.....
Uma Mulher.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

MARÈ CHEIA



Este vai e vem de água
Doce
Melodioso
Sacode-me o pensamento
Oiço-o neste Silêncio
Naco do Infinito
Tomo-O
Nestas mãos
Feitas espuma
Olho-o
Deixando as lágrimas soltas
No rosto deste mar
Paro
Cerro o tempo
Entre as frinchas desta névoa
Porque á Alma
Basta esta maré cheia
Ao nascer um sonho.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Se Eu Pudesse Escrever


Ah se eu pudesse escrever!

Letras soltas

Sem tingir o branco deste canto de papel

Com a água que me escorre

Das fontes abertas

Talvez fosse um poema

Livre de angústias

Livre de sombras

Que se instalaram no meu olhar

Relembrando-me a cada momento

O charco semeado

Por onde passos de alma

Desvendam sonhos arrefecidos
Ah se eu pudesse!

Conter nestas mãos a dor

Que me sobe até á alma

Transformá-la

Em gotas do mais puro mel

Talvez aquietasse

Todos os arrepios

Que trespassam o sentir
Choremos as duas

Tu minha doce companheira

Que outros olhos não vêem

Nem sabem onde te escondo

Choremos até a noite se renovar

Choremos enquanto do céu

Gotejam lágrimas

Talvez de um anjo
Ah se eu pudesse escrever!

Fariamos um dueto

Tu alma serias a melodia

E eu o renascer de um poema

Nas letras da vida.



Do cinza do dia
Vestiste o teu olhar
Deixaste cair lentamente
As lágrimas de um Outono
Na pedra fria
Onde a nudez das tuas passadas
Se afogam nesse charco
Plantado no meio da rua
E o vento dança
Num voo liberto
Varre-te o pensamento
Enquanto a alma
Arde na fogueira do lamento
Porque choram teus olhos
Estilhaços de vida?
Talvez
Porque o tempo
Não é face mas sim disfarce
De um mistério plasmado
No arrepio de um choro.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Entardecer

Este sol plantado
Ofuscando a frieza do vidro
Benze o entardecer
Desenterra sentimentos
Sem destino nem bandeira
Sacode faúlhas de pensamentos
Baloiça o tempo
Que a paz da tarde vestiu
Com sombras alaranjadas
Até o mar se ergeu
Elevando as mãos para lá do horizonte
Abraçando o universo
Este sol plantado
Areja as horas presas
Nas teias de um tempo sem tempo.

terça-feira, 12 de junho de 2007

AMANHECER



Vôo na surdina deste silêncio
Que me tange o pensamento
Solto as asas
Em gestos rasgados
Vôo ao mais fundo de mim
Onde repousam
Os poemas que não escrev
Os mares que não soltei
As madrugadas que não abri
Os céus que não toquei
Sim....
Onde há uma Alma
Uma espécie de sonho
Pleno de misticidade
Um quase tocar
A mão do Infinito
Aí...
Estará o Renascer
No meu Amanhecer.

HOJE



Hoje...
Queria tomar nas mãos
Este momento
Tocá-lo...
Senti-lo...
Perder-me no seu olhar
Adivinhar-lhe o pensamento
Sorrir-lhe...
Depor nas mãos do tempo
Este sentimento que me une
A uma eternidade
E se edifica no meu ser
Hoje
Queria ser perfume intemporal
Nas pétalas do tempo.

domingo, 10 de junho de 2007

Enlevo



Guarda a minha alma
Na palma da mão do teu sentir
Afaga-a com a ternura
Deste sonho que doura o teu dia
Contempla este momento
No sossego das horas
Enquanto de ti
Escuto essa voz
Feita brisa suave
Deslizando sobre as alamedas do meu corpo
Guarda minha alma
No silêncio do orvalho
Que beija o teu olhar.

sábado, 9 de junho de 2007

Véspera

Há estrelas plantadas
No beiral da alma
Há sorrisos alvos
Em corações ainda meninos
Há um sol ternurento
Pai de um amanhecer
Há um firmamento
Que se funde no meu ser
Há sonhos a florir
Num pensamento
Há momentos que são
O todo de uma esperança
Há uma véspera que me espera
Na eternidade de um tempo.

Abrem-se as Mãos



Abrem-se as mãos suaves como brisa
Poisam na teia fixa
Entre a dor e o peso das lamúrias
Matam o tempo profanado
Essa eternidade
Que um dia lhes fugiu entre os dedos espalmados
Eternidade?
Será um tempo a não ter tempo?
Ou uma infância de memórias?
Ou pedras escavadas nos olhos da montanha?
Ou palavras que chovem no coração da noite?
Abrem-se as mãos
Crucificando este quase-sendo
Sem remir nada.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Não



Não quero recolher
Gotas de um velho outono
Onde os sentidos
São amarras
Presas em fronteiras
De olhares grávidos de silêncio
Não.....
Não quero o parto fácil
De uma beleza fria
Onde o nunca é o nada
E o sonho é letargia
Não......
Não quero esta lama
Estas pedras ocas
Que o mar leva na água
Arremessando contra as paredes
Do tempo
Não!
Só quero o que me basta
Nas sobras do que me falta.

Brisa

Inconstante sobre o tempo
Vai deslizando qual ave
Sobre um céu escorregadio
Desce ao fundo das águas
Lavando o rosto do cansaço
Assobia entre as frinchas da alma
Renovando cada hora viciada
Deixando nas mãos nuas
A frescura de um sopro.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Dizei-me

Dizei-me com a voz da alma,
Sem que o pestanejar se abra
Nem o bocejo seja a hora perdida,
Escrita no vermelho do entardecer;
O lugar;
O espaço,
Onde o poeta seja o corpo do amor
Quando surgem no horizonte
Nuvens de sangue.

Dizei-me antes que a madrugada acorde
Onde colocar esse sal
Que emerge de um olhar
Quando as mãos
Percorrem as palavras
Acendendo o lume
De um gesto.

Dizei-me com a voz da alma,
Se existe o momento em que o espelho
Não consente a imagem
Nem a luz,
Restando apenas o vazio...

Dizei-me,
Se o poeta é a face da transparência
Ou o acordar do silêncio?

terça-feira, 29 de maio de 2007

Palavras



Impulsos mútaveis vivem em mim
No pensar,no existir
Palavras que não são fim
Mas sim espaço no meu sentir.

Palavras,artesãs do pensamento
Na voz da alma da humanidade
Teia divina do sentimento
Arca tornada liberdade.

Palavras,recolhidas na minha memória
Trazidas pelo vento serenado
Brisa, ou sonho com o sabor a vitória
No patamar da razão esboçado.

Palavras,árvore do versejar
Em presenças concisas e concretas
Palavras,pertenças deste mar
Palavras,orações dos poetas.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Voz Da Alma

Soltam-se neste ar frio
Veêm do fundo do ser
Múrmurios de uma saudade
Espalhados no Infinito
Confundem-se com o marulhar
Não!
Não é a voz do mar!
Não é o respirar de uma onda!
Não é o bocejar de um entardecer!
É a voz da Alma
Que canta as palavras
Fazendo deste momento
O olhar do pensamento.