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quinta-feira, 12 de julho de 2007

Esqueci-Me

Esqueci-me que o sol se esconde

Nas frinchas das almas débeis

Deixando nas margens do corpo

O pó onde tudo começa

Onde tudo se ateia
Esqueci-me que as mãos deslizam

Esmagando a pele

Rasgando as veias

Deixando brotar o vermelho que aquece o bater
Esqueci-me da lágrima

Do olhar desvanecido

Da tristeza amachucada

Da palavra renunciada

Da dor estigmatizada

Da fome enterrada

Da Paz apodrecida

Da amizade magoada

Da saudade cantada

Em trinadados uivantes

Rasgando a pureza do Universo
Esqueci-me das palavras

Dos gestos

Do corpo

Da métrica

Das sílabas

Que outrora vestia

Cada folha de vida
Esqueci-me que numa noite

Deixei voar a alma

Deixando-a cair nas mãos de um sonho
Esqueci-me da luta

Que a cada hora bate

Na soleira da vida

Mentindo a liberdade

Transformando o todo

Neste nada que enche

O grito da alma
Esqueci-me de parecer

APENAS SENDO.

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