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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Galáxia de Dores


Ondula uma neblina
Entre o espaço e a alma
Cerrando o olhar
Na escuridão ressuscitada
De um ventre rugoso

Nos odres das horas
Jorram águas nuas
Rezando as contas vividas
Num tempo violado
Por deuses incaustos
Caminhos vestidos de basalto
Acolhem no regaço
As passadas desta gente
Prenhe de solidão
Repassam as esquinas da vida
Varrendo a poeira sonolenta
Que vai esmirrando o pensamento
Deixando apenas na Alma
O toque real de uma brisa esquecida

Nem o sol desperta
A verde esperança
Rasgada pelas rugas
De um rosto
Que VIVEU VENDO
O CHORO DAS RIBEIRAS
O PERFUME DAS MADRESILVAS
A BRISA NUM CAMPO DE TRIGO
O MAR QUEBRANDO A FOME
O PORTO ABRAÇANDO A ALMA

O TEMPO ESCORRE PELAS ENCOSTAS
DESTA GALÁXIA DE DORES
ENQUANTO ALGURES
EXISTE UM ROSTO SERENIZADO
OLHANDO A POBREZA IMPOSTA
a solidão tenebrosa
a fome desmedida
a criança escarnecida
a mulher violada
o bebado arrotando a raiva
no vidro baço do olhar

Ondula um silêncio faminto
Enquanto o coração rasga
O universo da memória
Talvez ela também filha
Desta GALÁXIA DE DORES.
Vértice da Alma

quarta-feira, 16 de junho de 2010

SONHOS CASTRADOS

No silêncio do olhar
Há um rio sonolento
Um pássaro dilatando as asas
Um sol refletido
Na calçada negra de lamúrias
Abraça-nos a quietude inquieta
O corpo espreguiça a monotia
As mãos dedilham o rosário
E pedem um sem fim de esperança

Rodam as horas
Na moldura do tempo
E o ontem foi sombra
Neste hoje mentido

E acreditaste no Sol
Na atitude apaziguadora
No discurso pausado
Na força das palavras
Setas apenas
Atiradas á fornalha

Na memória renasce a fome
Nos bolsos o vazio
Na alma o sonho castrado
No pensamento
A ira de apenas seres um número

Desilusão!
Raiva!
Grito!
Mas ninguém te ouve
Porque os números só cantam
Nas madrugadas mentidas.

Vértice da Alma



terça-feira, 5 de janeiro de 2010

POETA

Poeta,rosto escavado

Na penumbra do tempo

Alma de garça

Desenhando no espaço

As letras soltas

De uma canção

Que embalou o sonho


Poeta

Lava incandescente

Borda o teu pensamento


E o sal?


Ai o sal!


Vertigem que rodeia o teu olhar

Espasmo do sentir

Rolando num rosto

Refletido nas águas

De um oceano de palavras


Poeta voz aquém deste infinito

Tempo sem idade

Hora sem espartilho

Liberdade explodindo

Na espuma de um dedilhar

Quase febril

Levando a alma ao limiar

De um êxtase quase divino
E soltam-se

Como bagos de uma vinha

Embebedam

Seduzem

Perfumam o amanhecer da vida

Antevendo o grito

De quem acredita

Na candura das palavras


Poeta

Serás sempre o basalto

Que sustenta este doce pilar

De no colo deixares tombar

Mil sentires

Dando corpo á luz

E alma á verdade


Poeta,da solidão incontida

De vozes vergadas

De lágrimas paridas

Nas esquinas da vida

Onde adormecem os silêncios

Que acordam as consciências.


Poeta um deus ungiu-te

Com óleo de jasmim

Deixando no teu rosto

O rasto de um fado

Cantado pela alma de uma estrela


Vértice da Alma

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Regresso


Regresso entre sons e palavras

Dançando entre sorrisos

Deixando no espaço

O abraço de uma alma

Fogo e água

Escorrendo sobre as frinchas do tempo.

A todos um 2010 cheio de palavras e gestos de PAZ.

VÉRTICE DA ALMA