Escrevo com as mãos marejadas
Com o olhar despejado
Na maré rasgada
Deste rosto que se encolhe
Entre o anoitecer
E o renascer da água
Escrevo aquela lágrima
Que rasga a carne
Deixando o negro
Sobre a plenitude do corpo
Escrevo aquela lágrima
Que se esconde entre a névoa da mentira
Que nunca foi chorada
Mas sim sussurrada
Ao ouvido do vazio
Deixando cair a penumbra
Que entropece e adormece
Sobre o gelo de um ontem negro
Escrevo tantas lágrimas
Aquelas que se deitam no leito da solidão
Amarrando os corpos
E os deixando tocar a boca da morte
Escrevo Lágrimas!
que me fogem
que me fogem
Entre os dedos esguios
Gemendo a primavera da vida
Escrevo aquela lágrima
Que estremece o sentir
E faz do ventre o eco
O grito do desespero
De tantas horas perdidas
Nas margens do esquecimento
Escrevo esta dança de água
Que tomba sobre o pensamento
Deixando o gotejar
De umas lágrimas ácidas
Jamais vertidas da alma
Mas sim das mãos
Da ETERNIDADE de um SIlÊNCIO
Que a alma nao desvenda
Escrevo lágrima
Chorando a verdade
Que escorre sobre a alma.
De um sentir.
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