Pedaços de gente
Na beira da calçada
Sobre a pedra fria
Esmagados...........
Feridos..........
Roubados..........
As passadas tocam
As margens deste corpo
Cada vez mais alheias
Aos gemidos e às dores
Pedaços de gente
Para quem o pão ressequido
É o tocar este céu baixinho
Já não ouvem uma palavra
Nada esperam desta maldita raiva
Que lhes impuseram
Pedaços de gente
Que trazem o olhar turvo e distorcido
Estranhos cobertores
Tapam a miséria de papelão
E ninguém diz nada
Pedaços de gente
Em extrema solidão.
Pedaços de gente
Esmagados pelas mãos
De quem nunca soube
Abrir a alma
A um grito de pobreza.