Falemos deste ondear
Onde vozes doridas
Lavam todos mágoas
Sem que o silêncio
Desvaneça este rosto de uma vida
Presa numa saudade aquém do tempo
Falemos!
Desta aragem que rodopia
No pensamento mais virgem
Deixando o eco sem forma
No vazio que se aconchega
À penumbra dos entardeceres
Falemos
Desses trilhos enregelados
Que pairam sobre o olhar
Como aves grasnando temporais
Sobre a terra queimada pela solidão
Falemos.......
Sem medos nem tabus
Não queimemos mais a alma
Com o fogo da palavra incerta.
Falemos
Mesmo que a fome doa
Na carne roída de silêncios
Mesmo que os olhos extravasem
Um mar de sal
Mesmo que o corpo se arraste
Nas ruas da solidão
FALEMOS DE AMOR.