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sábado, 22 de setembro de 2007

Transparência

Do céu tomba o macio branco

Que se enrosca nas voltas

Deste sol envergonhado

Estendendo o seu pestanejar

Sobre o rosto macerado do tempo

Recolhem-se flores

Adormecendo nas gotículas humedecidas

De um olhar terno

Solta-se o perfume dos afectos

Que enlaçam o pulsar

A pele cede ao arrepio breve

Enquanto as mãos

Tecem uma grinalda

Sem penas nem lágrimas

Quebra-se o nó

Que asfixia os sentidos

De um corpo adormecido

Soltando-se dos lábios da alma

A suavidade de um cântico

Que se eleva aos céus do Ser

Deixando o aroma do amor

Pairando no leito

Onde todos os afectos se sublimam

Enquanto a voz do amor cala a lágrima

Que se solta no seio da emoção

Nem o tempo nem a hora existem

Quando sobre cada coração

Se soltar a ternura deste amar

Sem nada pedir em troca

Apenas amar até que sobre mim

Caia a noite sem regresso.


terça-feira, 11 de setembro de 2007

Essência



O tempo cede-me um espaço
Onde as imagens fervem
Qual fogueira transbordando
Sob as escarpas do corpo
O momento verte sobre a alma
Pétalas de um pensamento
Cujo fundo é esta mescla
De sentimentos e afectos
Espalhados nas palavras
Que vou escrevendo
Sobre a tábua da vida
A hora esvoaça no regaço da essência
Onde flores vão trauteando
Perfumes que se soltam
De mãos angelicais
O dia vai caminhando
Sob a espuma do céu
Sob as estrelas
Inclina-se sobre as trindades
Enquanto este fogo de alma eternecida
Sorve o bálsamo
Que acorda as palavras.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Nostalgia


Oiço o marulhar deste mar
Na lentidão do tempo
Nas trevas da memória
As palavras vibram como feridas
Ah mas será este o meu mar?
Que bate e rebate meu corpo de água
Nas marés do silêncio
Ou será sómente a frescura das areias
Que fazem dos meus lábios
O eco da saudade?
Já nada seiE eu já tão pouco sabia
Fecho meus olhos de sal
Vejo as dunas de um sonho
Nesta espuma
Neste mar que quero reter
Na minhas mãos
Mas das minhas mãos escorrem
Sómente gota a gota
A água cansada
De um olhar parado.