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terça-feira, 31 de julho de 2007

Mãos de Papel


Duas linhas caídas de um corpo
Nasceram no fundo da alma
São anseios profundos
São lágrimas de um sol
São espelhos de uma partilha
São abraços sem fim
São madrugadas no meu entardecer
São a saudade de um rosto
São e sempre serão obras incompletas
No meu ser
As minhas mãos de papel.

São

Ao olhar ascende um oceano
Alaga os sonhos
Suspensos nas nuvens
De uma saudade
São tochas...
Que tisnam o rosto da alma
São sons...
Que estremecem
As margens do meu ser
São acenos...
Emergindo da ausência
São legendas...
Na tela da vida
São memórias...
Esvaziadas num soluço
São fontes...
Espelhadas num coração de água
São...?!
Sim...!
São lágrimas que retenho nas MÃOS
E com elas vou escrevendo
O sentir de uma ALMA.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Silencio Peregrino



Pela colina da saudade vai descendo
Este peregrino silêncio
Sopra-lhe o vento
Sobre o rosto enrugado
Soa-lhe o marulhar das águas
Onde tantas vezes lavou dores sem porto
Leva dento da sua alma
Um lamento que se arrasta
Cola-se ás gotas que escapam do seu olhar.
Gira-lhe o pensamento
No seu próprio eco
Desafiando essa voz
Que muda se faz nas horas
Em que a escuridão
É um choro
Arrancado de tantos silêncios.
Pela colina da saudade
Vai o silêncio peregrino
Em busca de uma alma sem dono.

domingo, 22 de julho de 2007


A noite cobre este pedaço de terra enquanto todas as sombras se recolhem no seu ego disfrutando cada medo como vitórias.
Passou-se mais um dia entre o diz que diz e o tombar deste escuro que recolhe em seu regaço todas as lágrimas tão rotineiras quanto as passadas destes manequins que deambulam tentando cativar um olhar mais atrevido ou um gesto que desbraves sentidos já tão contaminados de impurezas!
Solto a âncora deste meu barco e deixo a alma ser a timoneira neste peregrinar!
Destino ...ou fado este meu navegar tocando aqui e ali o coração daqueles que se dizem mais altos no pensamento!
Talvez movida por aquele brilho que nos seduz a alma e o pensamento vou quebrando todos os gelos dando lugar ao calor de um gesto.
Neste caminhar ou melhor nesta minha viagem em mares tão diversos vejo mastros outrora erguidos sobre o cintilar das estrelas hoje tombados talvez lhes tenha faltado o verdadeiro alimento !
A sinceridade de uma palavra brotando de uma alma virgem sem artificios nem luzes de ribalta!A humildade e o reconhecimento de saberem que são pó e em pó se tornarão!
Navego sobre as mansas águas que me envolvem e me devolvem a lucidez real deste mundo onde vejo palavras emperradas em almas não libertas.
Continuando a remar em marés tão vermelhas que deixam o olhar deste mar preso e quase abismado ao comtemplar sombras paradas e consciências adormecidas num ontem que já nem faz parte da história.
Reconduzi-las até a este pedaço onde as palavras são migalhas que alimentam a alma e o sonho ainda é aquele lago limpído onde a alma lava todas as feridas.
É querer erguer a ponte entre os que adormeceram em leitos de espinhos e aqueles que carregam o ideal jamais derrubado por qualquer fanatismo ou por os desentendimentos que vão aparecendo a cada esquina da vida!
Mas eu também sou um grão no meio deste pó todo!
Resgato todas as melodias contidas em almas sequiosas de vingança deixo-as sobre o corpo azulado de um mar que revolve e renova e com estas mãos de papel vou limando arestas rudes deixando em cada SER a razão deste permanecer!
E por acreditar que esta passagem não é apenas instante de prazeres carnais digo-vos:
Chamem loucos aos poetas esses que desvendam todos os silêncios e desnudam as palavras trazendo a cada olhar o fulgor de uma palavra limpa!
Chamem loucos aos que sem horas escrevem o tempo sobre a tábua da vida adiantando aos sentidos esse arrepio que a pouco e pouco vai despertando a consciênciae libertando o amor neste mundo tão mal amado!
Chamem loucos áqueles que pensando alto vão deixando sobre os regos da saudade a semente que vai transformar essa loucura na mais eterna Esperança!
Assim vou pensando alto enquanto os mais altos se deleitam sob a chuva de misérias regatadas na hora batida sobre a falsidade.
Doce loucura esta ou graça divina aspergida de um fogo que enebria o espírito deixando a nu a lucidez fazendo esquecer o ego e voar no mundo onde as palavras são a misticidade de cada amanhecer.

Calai-vos obreiros de guerras infindas
Que percorreis todas as escarpas
Desta eterna mancha verde
Soprai um fim de névoas
Desfazei esta maré de sangue
Que o vento esconde
No soluçar da noite
Segurai os dedos loucos
Das armas sem rumo
Aquietai as vitórias e os medos
Que despertam no olhar
A ilusão perfeita
De quem dilata o grito
Na hora em que a alma
É um rosto quebrado
Em perfeiro holocausto
Calai-vos!
Porque a dor já não tem nome
Nem morada certa.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

EXPOSTA



Exposta neste canto esbranquiçado
Ao sabor das horas mornas
Sou um pano rasgado
Desbotado
Pendurado na correria
De um tempo virgem
Cabelos soltos
Lavados na maré do olhar
Tocam a sombra
Das mãos que incessantemente
Batem no eco
E se esvaziam
Sou pessoa neste barro decadente
Que molda o grito
Em múrmurios
Em sílabas
Em gestos
Que amei no breu cru da cidade
Exposta neste canto esbranquiçado
Pico as estrelas escondidas
Nas bolhas da minha alma.

SENTIMENTOS



Trago...Nas mãos o sentir do mundo
As culpas
As vacilações
As angústias
A escravidão
Deslizam nas veias
De uma noite sem amanhecer
Trago.....Um quinhão de terra
Saqueada
Nas fronteiras da história
Trago lágrimas
De almas perdidas
Neste caos
Pintado de azul.

PÉGADAS



Quando a noite descer
Pelos degraus do sol
E o esboço da vida
Se desenhar nessa linha
Onde o tempo e o sonho
São um só
Reabre os espantos em ti contidos
Escuta os passos do silêncio
Toma nas mãos as pégadas da alma
Porque...
Nada mais sobra
Que a memória florida
De um instante.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Esqueci-Me

Esqueci-me que o sol se esconde

Nas frinchas das almas débeis

Deixando nas margens do corpo

O pó onde tudo começa

Onde tudo se ateia
Esqueci-me que as mãos deslizam

Esmagando a pele

Rasgando as veias

Deixando brotar o vermelho que aquece o bater
Esqueci-me da lágrima

Do olhar desvanecido

Da tristeza amachucada

Da palavra renunciada

Da dor estigmatizada

Da fome enterrada

Da Paz apodrecida

Da amizade magoada

Da saudade cantada

Em trinadados uivantes

Rasgando a pureza do Universo
Esqueci-me das palavras

Dos gestos

Do corpo

Da métrica

Das sílabas

Que outrora vestia

Cada folha de vida
Esqueci-me que numa noite

Deixei voar a alma

Deixando-a cair nas mãos de um sonho
Esqueci-me da luta

Que a cada hora bate

Na soleira da vida

Mentindo a liberdade

Transformando o todo

Neste nada que enche

O grito da alma
Esqueci-me de parecer

APENAS SENDO.

sábado, 7 de julho de 2007

Passadas



Caminho sobre as águas
De um mar que é pertença minha
Desperto na lentidão destas passadas
Descortinando o silêncio
Retocando-lhe esse destino
Que vai até ao fundo do existir
São a firmeza do tempo
A serenidade de uma alma
Num corpo de pássaro
Acordando as madrugadas
Esvoaçando sobre as marés
Erguendo a paz de umas mãos
Onde a vida se vai abrindo
Entre a névoa de um olhar
E o despertar desta luz
Que tisna a pele.
Caminho
Sem amordaçar
O bater das horas.

segunda-feira, 2 de julho de 2007


Minha alma é redemoinho
Que leva ao vento
As palavrasMães deste pensamento
Sou pássaro
Que toco e retoque as marés
De um mar sem destino
Poiso nessa alva espuma
Olho o horizonte
Não me detenho
Já não há aragem
Nem sal que tinja O querer
Voo até ao infinito
Nas asas trago estrelas
No coração a frescura de um sonho.

Explosão

Descem as palavras
Até ao fundo da alma
Percorrem as veias deste corpo
Em círculos de fogo
Dançam no olhar
Famintas
Húmidas
Insanas
Prenhes de desejo
Ardendo no sismo da pele
E lá fora o azul espera
A explosão da Alma.