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quinta-feira, 17 de maio de 2007

Palavras

Palavras dançando no vento
Enquanto a noite adormece
Sobre um tempo morno
Onde o silencio é o ventre mais dorido
Deste Universo
Que envolve cada passada
De quem eleva a prece
A um céu de paz
Não sei com que mão
Benzes a alma da palavra
Não sei com que água
Salpicas cada pedaço de ti
Não sei que fogo
Se ateia na cintura da tua alma
Para que dos teus dedos
Se soltem as contas
De um rosário molhado

Não sei se as palavras te devoram
Esmirrando todos os murmurios
Sorvendo cada lágrima
Que sobre teu rosto desliza
Como um rio cansado
De olhar fugaz
Buscando essa foz
Que lhe escapa nas margens do corpo
Palavras
Danças de fogo
Setas que disparam sobre o pensamento
Deixando na alma
A hora
Onde refletida está
A saudade de quem partiu
Sem levantar a mão
Com que benzeu
A voz solta da alma
Palavras
Sons
Silêncios
Ecos
Vazios
Desertos
De quem paginou
E folheou
O livro onde escrito está
Que o poeta é pó
Mas a sua alma
É lume que arderá
Mesmo que a morte se vista de branco
Entregando-se na escuridão da noite.

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